Eu ouço vozes que não me deixam respirar sem que elas não digam algo que eu já saiba, mas não precisava lembrar.
Vozes imersas, e ao mesmo tempo tão na superfície quanto conchas na beira do mar, um mar de razões perdidas, segredos e medos, feito água me fazendo sufocar.
Essas vozes são se calam, mesmo que eu durma, elas estão lá. Estão dentro dos sonhos e são a primeira coisa a mer acordar.
Elas são ecos do passado, que não se deixam esquecer, e vozes do futuro trazendo a incerteza do que pode ser.
Também são as vozes do presente, que moram em minha própria garganta, que se entrelaçam em outros tempos que não morrem e continuam a nascer.
Como calar o que eu lá no fundo, permito falar e ser? Como me livrar da carga que, da qual sem ela talvez, posso perecer?
Quem diria que sou louca se eu sei que elas estão aí também, a diferença é que eu sei que elas estão vivas e querendo ou não, as deixo viver.
As vozes podem ser roucas, mas elas sabem gritar bem alto ao mesmo tempo que são cegas, mas podem ver lugares dentro de mim que não ouso ver.
Talvez um dia estas vozes do passado voltem para uma gaveta empoeirada, e não teime mais em aparecer.
E as do futuro esperem sua vez para nascer. Mas elas não estariam aqui se não fossem as vozes de hoje em seu alvorecer.